Tuesday, August 21, 2007

Loucura de um mero fã.

Bom, a principio eu estava pensando em continuar o meu livro, escrever a segunda parte, que muitas pessoas já me pediram. Mas não quis. Simples, hoje é uma data muito especial. Poucas vezes tu me vistes, recordando datas ou ainda as guardando. Aqui no blog eu até dato os meus poemas, mas não gosto desta prática, o poema é eterno, não exclusivamente de agora, de ontem, ou de dez anos atrás. E por isso, prefiro não escrever as datas. Hoje, como eu ia dizendo, é vinte e um de agosto de dois mil e sete (21/08/07). Poucos sabem o que isso significa para mim, mas é como se minha vida dependesse deste momento.
Contarei então.

Aconteceu faz dezoito anos, em 1989, na época que o Muro de Berlim fora derrubado. Na época que o mundo deixou de ser bipolar. O dia que Raul Santos Seixas, estimado poeta, célebre compositor e incrível anarquista natural, se fora.
E é aqui, que tudo começa.

Eu sei que todos nasceram com a sua voz, pra dizer, pra falar. Sei que ao meu lado terei alguém para segurar minha mão, não deixarei nunca a solidão me assustar. Oh, meu mestre... Oh, meu mestre. Mata meu medo, nas letras de tuas músicas.
É bem assim que a coisa acontece.

Lembro que eu havia ido ao dentista, e lá, peguei alguns cds de músicas emprestados com ele, e num destes cds, veio Raul Seixas por engano. Sério, por engano! E a partir daí, minha vida mudou. Pô, eu tinha só nove, dez anos. E tava ouvindo Raul Seixas. Um cara que já havia morrido e eu nem sequer poderia ver um show. Pois é... lembro-me ainda, do dia que descobri que Raul já estaria morto. Recebi a notícia de minha mãe, e eu dei um sorriso, fui ao meu quarto e me tranquei, e comecei a chorar. Chorar. Chorar. Nunca veria o show dele.
E então comecei a fazer pesquisas sobre Raul. E não é que eu comecei a pensar com as pesquisas? Deixei de ler livros da série vaga-lume para ler livros da Aghata Christie, deixei de gostar de filmes de ação para pensar nos filmes dramáticos. Raul abriu-me um novo mundo. O mundo da poesia. Este, o qual não largarei mais. Fascinado e determinado em seguir com a Escrita e com a poesia até os últimos dias da minha vida.

E eu sei que em determinada rua alguma coisa pode me acontecer. E eu sei, que por mais que eu cante, meu canto não chegará aos pés do
Baghavad-Gitã, canto fabuloso ao Deus Krishna. E por mais que eu queira, não conseguirei seguir em frente, sem que eu tenha minha cabeça erguida e em minha mente Um Som para Laio ou ainda, que trancafiado em meu mundo eu tenha o meu Ouro de tolo, ou o próprio Diamante de Mendigo, quem sabe assim, minha vida não tenha sentido.
E mesmo que a mosca pouse em minha sopa, eu saiba controlar a situação, fazer de minha paranóia a Loteria da Babilônia. Que enquanto eu estiver pronto para deitar, e ficar olhando para cima pensando nela,
Nuit, a deusa da Noite, me ensine a Magia do Amor. E que com o sorriso em frente eu consiga, mesmo que tenha perdido uma batalha, Tentar Outra Vez. Por que só assim eu conseguirei guiar os meus Caminhos na mais bela e profunda vontade.
E que sem
Cambalache a minha vida siga, com o pensamento vivo e com um Canto para minha morte premeditado e que, no Prelúdio, eu consiga viver como Meu amigo Pedro, e não deixar o poder subir ao meu rosto como Al Capone fez.
E por agora eu vou deixando um Forte Abraço a todos, pois meu trem está para sair,
O trem das Sete. O último do sertão, do sertão.

E mesmo que eu não encontre o
Sábio Chinês, minha vinda à Terra já tenha valido a pena, afinal, a minha vida toda se resume na Areia de uma Ampulheta, tudo isso por causa de Você, Raul Seixas.

Obrigado, por tudo!

Wednesday, August 01, 2007

No escuro


No escuro
(Nayguel Cappellar)

À noite batendo desesperadamente.
À noite batendo desesperadamente.

Gritando, ou talvez querendo gritar.
O sonho tentando despir-se.

E a vida tentando pular.
Os olhos tentando vê-la. [ou realmente precisando]

E as mãos caídas por falta de carinho.
O sangue, bombeado, de raiva.

A faísca da alma, querendo gritar.
Imagens e fantasmas que o entorpecem.

E o poeta traga feito vinho.
E o coração à noite desesperadamente batendo à porta para sair.