Thursday, August 27, 2009

Do não saber.

Do não saber.
(Nayguel Cappellari)

A gente tenta agradar e leva na cara.
A gente sofre e continua dando a outra face,
achando que não vai ser a mesma coisa e vem outro pedido de desculpa.
Mas nós, nos enganos, e sofremos de novo.
Levamos outro soco, que nos fere o ímpeto do coração.

As lágrimas escorrem do rosto,
- não tem motivo para fazê-las parar.
Se pensa no passado, elas caém mais ainda.
Se pensa no futuro, aí que elas não páram.
E a gente insiste em acreditar.

Acredita que não será mais como antes.
Que a gente não vai sofrer e não vai ter nada.
Mas a gente se engana e leva mais uma vez.
E quando a gente menos espera,
quem a gente conhecia não existe mais.

E o coração, outrora impenetrável,
agora machuca, destoa-se nos lamúrios.
E a gente não consegue entender,
não entende o que fez de errado.
Para simplesmente ser pisoteado feito o próprio chão.

Friday, August 21, 2009

21 de agosto, 20 anos de morte de Raul Seixas



Raul Seixas.

Hoje faz vinte anos de morte de Raul Seixas.
Raul Santos Seixas.

Músico, poeta, compositor, artista.

Foi de tempo em tempo que ele obteu a minha confiança, não foi de cara absoluto, demorei para entender o que suas músicas cantavam, demorei para entender o que ele queria falar. Demorei para entender o que ele queria que nós pensássemos. Mas agora, eu agradeço a ele por isso.

E agradeço ao tempo que me fez entender, porque quando mais novo, não tinha capacidade de entender, e se gostasse de suas músicas sem entender, eu não iria ser nem METADE do que seria hoje. Sim, Raul moldou meu caráter, minhas vivências, minhas experiências, me fez entender o significado das palavras, me mostrou um caminho bonito a seguir.

Foi ele que me mostrou em suas músicas a verdadeira cara da ditadura, foi ele que me fez gostar da história do Brasil e querer estudá-la mais a fundo para entender ainda mais as suas letras.

Foi ele, apenas ele, que dominou-me por completo no quesito ídolo.

Meu ídolo, que não tive a oportunidade de ver vivo, que não tive sequer qualquer contato, pois tudo que eu sei, é que suas mp3 estão aqui comigo, e me fazem uma pessoa melhor.

Sou grato por tê-lo conhecido, esse ídolo absoluto, essa pessoa maravilhosa que é Raul Santos Seixas.


Raul, obrigado por tudo.

Thursday, August 20, 2009

Apenas a verdade.

A verdade sobre a imensidão.
(Nayguel Cappellari)

E hoje eu vou contar uma história.
Ela não aconteceu com alguém que eu conheça de verdade.
Ela apenas aconteceu, como as coisas acontecem.
Simplesmente assim, aconteceu.

Foi num dia, quando, depois de chorar muito,
ele descobriu o que seria.
Ele se apaixonara
e desde então sua vida não teria mais sentido.

Ao contrário do que deveria ser,
ele estava feliz, e então desmoronou.
Não pela ilusão, não por falta de amor,
mas sim pelo excesso.

Pelo o que ele sentia em seu peito,
sufocou sua parceira como se estivesse a prendendo
em um aquário trancado.
E o peixe, não poderia respirar com a falta de oxigênio na água.

E então ele chorou demais.
encheu-se de chorar e seguiu em diante.
Quando o destino pregou outra peça nele.
Quedou-se novamente, e agora, mais complicado ainda.

Não bastasse os sonhos de noite,
não bastasse os gritos de desespero,
ele ainda teria de suportar a falta de atenção
e a dor no peito pela angústia de não tê-la.

Mais uma vez não foi a falta,
mas o excesso de amor que acabou com ele.
Quebrou-o ao meio, partindo em vários cacos.
Como se dele seguisse um fragmento sem cérebro. Sem vontade.

E foi aí que o destino resolviu rir da cara dele,
enquanto ele achava que tudo estava se estabilizando,
que ele não iria mais apaixonar-se e sofrer.
Ele, de fato, não apaixonou-se. Mas do caco houve mais caco.

Ele foi quebrado em mais pedaços, e não por causa de amor,
mas dessa vez, foi por falta dele.
Por falta de consideração por quem ele considerava.
Dessa vez não foi o excesso, mas sim a escassez.

E toda noite ele vai dormir,
e todos os pesadelos e os gritos abafados pelas paredes geladas daquele quarto.
E os berros de desespero e a força de desistir.
O fazem sentir-se cada vez pior, cada vez mais irritado, cada vez mais...

Cada vez mais inútil e imbecil ao que ele sentiu e sofreu.
Cada vez mais tenso e mais inexistente ao que ele fora.
E, então, ele percebeu que não fora nada.
A não ser ele mesmo, e que o sofrimento,
o sofrimento era a simples marca de sua pureza.
E a pureza de seu espírito, que era para ter ficado marcada nos corações das pessoas,
sequer fez cócegas nos gélidos corações.
E ele, hoje está sofrendo,
em pedaço do pedaço do pedaço do nada.
Do nada que um dia nunca foi.

E para ele, nem a morte é resposta.
Para ele, nem os dias têm mais sentido
nem o sol consegue dar as respostas.
Para ele, nada tem mais sentido.

Nem mesmo o excesso ou a falta de amor.
que um dia existiu.
Ou não.