Monday, September 28, 2009

Nada mais

Nada mais
(Nayguel Cappellari)

E é agora que eu só penso em saltar.
pular da janela, do abismo, da pedra mais alta.
É agora que eu fico a esperar a morte.
sinto já o meu corpo esvaindo-se em nada.
Sinto-me exatamente um nada como tenho sido.
Sinto-me um inútil.
E continuam a não me ouvir.
E agora eu sei
que quanto mais eu tento enxergar as coisas coloridas
eu apenas consigo ver os vultos atrapalhando-me a visão.
e os vultos, querem me levar com eles.
e eu quero ir.
eu quero ir.

Friday, September 25, 2009

Uma noite

Uma noite.
(Nayguel Cappellari)

E como eu queria, neste momento, que tu estivesse aqui comigo.
E iríamos, então, nos abraçar calmamente.
Mesmo que lá fora estivesse tudo errado.
Mesmo que lá fora estivesse chuvendo ácido.
Mesmo que lá fora tivesse clarões e fantasmas chorando.
E eu não teria mais nada,
eu teria apenas a ti nesta noite.
Abraçaria teu corpo, beijaria tua alma, afagaria teus cabelos.
Voaria ao infinito contigo, meu bem.
Voaria contigo.
Não importaria nada, não teria medo de nada.
Mesmo que pela manhã o sol não quisesse sair.
Mesmo que eu não tivesse nada mais.
Para mim nada importaria,
porque eu teria a ti.

E como eu queria que este dia chegasse.
E como eu queria aproveitar esta noite contigo.
E como eu queria poder abraçar a ti.
E como eu queria poder ter aproveitado o sabor dos teus beijos.
E como eu queria poder ter segurado fundo em tuas mãos e não ter te deixado ir.
Como eu queria, neste momento,
que tu estivesse comigo.
Apenas esta noite.
apenas esta noite.

Thursday, September 10, 2009

Not at all

Not at all.
(Nayguel Cappellari)

E a cada vez que eu sigo...
como se minha alma caminhasse a cada rua.
E como se nessas ruas as luzes estivessem apagadas,
e com o perigo à espreita,
até a minha sombra tem medo de aparecer.

É como se o mundo estivesse num nada.
E do nada eu tivesse nascido.
É como se eu fosse presente para todos.
e todos fossem ausentes para mim.

É como se o mundo girasse,
e na minha mão nada parasse.
É como se na minha bandeira não tivesse,
sequer uma consideração pelo brilho da tua estrela.

É como se eu fosse sozinho,
sozinho, eterno, sozinho por sempre.
Sem nada, sem ninguém,
sem motivo para seguir em frente.

E é como se o sol não existisse
é como se as luzes não saíssem.
É como a coberta não protegesse do frio.
É como o brilho do luar não estivesse em meus olhos.

É como um mundo sem verdades,
é como um mundo sem mentiras.
É como um mundo sem nada...
é como um mundo em que vivo.

É como se eu tivesse idéia do que ser.
É como se eu tivesse idéia do que fazer.
É como se eu fosse alguém importante.
É como se eu pudesse fazer alguém ser importante.

É como se eu estivesse em um precipício,
e não conseguisse pular.
É como se eu fosse o pulo.
Do filhote do próximo pássaro a aprender a voar.

É como se não fosse nada,
nem sequer a mim mesmo.
É como se eu não fosse nada...
a não ser a sombra do que um dia eu já fui.

é como se eu pudesse agir livremente,
sem braços a me segurarem.
É como se eu pudesse agir livremente,
e decidir, então, a pular.

Monday, September 07, 2009

Da solidão 2.

Da solidão 2.
(Nayguel Cappellari)

E eu procuro uma explicação lógica para tudo,
procuro uma explicação para tudo.
Procuro, procuro.
Em tudo que é lugar, de tudo que é jeito.

Não encontro nada, não consigo sequer pensar em nada.
a não ser em teu rosto.
a não ser em tua voz.
Eu explico pra mim mesmo que tu não existes...

E eu tento ainda a acreditar em alguma coisa.
Mas eu não te encontro.
e as palavras já insistem em não sair...
e não são nada. Nada.

E eu não consigo entender nada...
e eu estou tão longe de onde tu estás.
eu me atiro ao chão, fico sem vontade de levantar...
e não levanto.

As lágrimas cáem do meu rosto, e,
eu não escuto mais nada,
não consigo mais ver o teu rosto,
e ao meu redor só existe o escuro.

Não possuo mais nada, nem sequer a esperança.
Nem sequer tenho a esperança de te ver...
de te amar, de te abraçar, de ao menos...
um beijo de adeus teu ter.

Não tenho mais nada,
à minha volta apenas a escuridão.
e eu,
eu estou tão longe de ti.

E por mais que tente, não consigo me mover.
Eu tento fazer algo para me levantar,
para melhorar meu humor...
mas nada adianta.

Eu estou tão longe de ti...
e eu estou tão longe.
E na minha mente não aparece nada mais.
nem ao menos eu sei quem tu és.

E nos meus olhos, as lágrimas,
as lágrimas do que nunca foi,
do que nunca existiu,
da ilusão alimentada pelo meu coração.

Thursday, September 03, 2009

Em pedaços.

Em pedaços.
(Nayguel Cappellari)

E enquanto eu vou dormir pensando nas coisas que não disse, e nas coisas que não fiz.
E enquanto tento dormir, viro, desviro, retorno a ficar de barriga pra cima...
olhando, mesmo no escuro, o teto do meu quarto. O teto que parece se mexer. Que parece ficar vivo, que parece querer me absorver e curar-me de todos os problemas.
E enquanto acontecem tantas coisas, e todos os pensamentos que vão, que, inconscientemente, eu me esqueço no outro dia pela manhã. E nas tardes intermináveis eu me ponho a relembrar um assunto que outrora eu pensava: "como é que ela pode dizer não?".
E enquanto trabalho, faço as coisas que me obrigam, que as regras me tornam a mandar... eu fico incontrolado, pensando em tudo que me aconteceu, em tudo que eu fiz, e então eu desabo, porque não entendo o que eu fiz de errado para que as coisas tenham tomado o rumo que tomaram.

E mais uma vez eu me quebro.
Quebro a cara no chão tal qual um espelho nas mãos de uma criança desastrada.
Quebro, então, outras coisas além da cara, quebro-me em pedaços pequenos, que demorarão a serem fixados. O coração cai, a alma despedaça-se, e os sonhos também se vão...
e tudo que me resta é a marca de que eu não pude fazer nada para mudar esse caminho horripilante.
E então eu fecho meus olhos... sonho alto, e não consigo entender, e algumas lágrimas caem simplesmente porque eu não sou nada.

Porque eu simplesmente não tenho nada...
e jamais terei.

E as lágrimas continuam a cair, com apenas um motivo,
e apenas duas coisas me aparecem em mente:
o teu nome e o porquê de eu estar chorando.