Thursday, June 24, 2010

Chuva

Chuva
(Nayguel Cappellari)

E lá fora a chuva cai,
e eu aqui dentro do meu quarto,
querendo que a água levasse para longe,
essa coisa ruim de dentro de mim.

E lá fora a chuva cai,
me fazendo mais humano, mais sentimental,
eu pensando e pensando...
- e onde será que está ela nesse momento?

E lá fora o tempo muda,
a chuva cai, o temporal começa a aparecer...
parece que tudo está em harmonia,
com o que o meu coração está sentindo.

E lá fora a chuva cai...
alimentando-me de nada,
simplesmente levando para longe,
toda a minha existência.

E lá fora a chuva cai,
de forma a me incomodar o dia,
lá fora a chuva cai,
e com ela morre minha harmonia.

Sunday, June 20, 2010

Poema livre como o mar
(Nayguel Cappellari)

Por um motivo em especial

- Ei, tu acreditas em destino?
Talvez tenha sido isso que encontrei hoje aqui no mar,
a correnteza, o vento e meu corpo como um bálsamo,
balançando como o vento, leve como a água.

O mar e eu nos tornamos um só,
o vento gelado bate em meu rosto,
misturando minhas lágrimas tristes
em oceano também.


E o vai e vem das ondas empurra meu corpo
como a mais bela canção do Lago dos Cisnes.
Sou feito de razão, de emoção, e o contato divino
me faz sorrir de novo!

E a noite cai,
entoando em minha alma,
a triste canção do vento gelado
que ecoa em meu coração.

Sonho alto,
imenso como este céu carregado de cores escuras
- Vibrantes e fúnebres!
E tenho vontade de atirar-me à água para dali nunca mais sair.

Thursday, June 17, 2010

Canção

Canção
(Nayguel Cappellari)

E o menino,
que acreditava no mundo,
que acreditava em tudo,
machucou-se tanto,
que tornou-se mudo.

Emudeceu-se de fato,
e o seu coração petrificou,
tornou-se inexato,
cansou de ser palhaço,
e seu coração não mais chorou.

Isso era o que se pensava,
por mais que o menino sorria,
dentro dele, ainda havia,
um coração dilacerado.

Que tristeza vê-lo daquele jeito,
um menino tão puro,
de coração tão maravilhoso!
Ele não queria mais ser palhaço,
e nem sequer tinha motivos para sorrir.

Foi então que o menino parou,
olhou para o teto de seu quarto,
o escuro era cada vez mais intenso,
ele deixou de pensar no que havia acontecido,
e de repente começou a cantar.

O menino que não falava mais,
tinha a voz mais linda do mundo,
cantava a canção mais bela,
o escuro desfazia à sua volta,
o quarto iluminara-se completamente...

O menino já não ouvia mais nada,
apenas cantava por estar vivo,
mas ele ainda tinha algo em seu peito,
o seu coração ainda estava petrificado.
Mas ele não se importava, por que agora podia cantar.

O menino que já não se importava,
tornou a cantar o que sentia,
passou a viver de alegria,
até que seu coração tornou-se vivo novamente.

Mas nem tudo era tão bom,
em um dia, sem mais nem menos,
sua voz deixou de funcionar,
o menino tornara-se mais uma vez triste.
E seu mundo escureceu novamente.

Foi então que ele chorou
e seu coração em pedra retornou.
Dessa vez ele havia recobrado a voz,
mas não existia mais motivo pra cantar.
O menino estava em decadência.

E sua alma então chorou.
O menino cantava a tristeza que sentia,
e tudo por que trazia,
um coração apaixonado.
Oscilante e inexato como a sua canção.

Wednesday, June 02, 2010

Inexistência.

Descobri umas coisas esses dias...
descobri o quanto a inexistência dói.
Desisti o quanto machuca ser alguém que não existe.
O quanto realmente machuca ser desconhecido totalmente.

Sou, unica e exclusivamente, o maior palhaço da face da terra.
Eu estou sentindo nojo de mim, nojo demasiado.
Queria ser tão igual às outras pessoas,
queria não poder sentir.

Na verdade...
eu queria ser livre pra sentir,
e poder desistir de quaisquer sentimentos que me esgotassem.
Mas acontece que não é assim.

Acontece que eu não tenho capacidade pra seguir adiante,
por que minha alma está cansada, cansada de tudo.
E quando a alma desiste,
que corpo teimoso vai seguir adiante?