Monday, August 30, 2010

Devaneio

Por todos estes anos que respiro, eu passei todos sendo uma das pessoas mais agradáveis do mundo.
Tentei sorrir quando me sorriam, tentei sorrir quando choravam pra mim, tentei mostrar-me forte quando precisaram de mim.
Fiz cair lágrimas do mais duro coração, fiz sorrir a mais triste pessoa. Mas têm algumas coisas que eu não consigo.
Eu não aprendo, não aprendo como me encaixar nesse mundo em que vivo, um mundo repleto de tristeza, de machucados, de profundas situações.

Eu cansei de muita coisa, já desisti de ser tudo o que eu fui, mas todo dia que passa, meu coração bate sentindo uma tristeza profunda.
Uma tristeza demasiada grande, que me maltrata e me corrói por dentro.

Nestes meus vinte anos de existência, meus caros, eu tentei ser uma pessoa boa, de verdade. Tentei nunca machucar ninguém, tentei nunca fazer o mal, e sempre ajudar quem quer que fosse. Aprendi a controlar meus impulsos e entender cada sorriso e cada choro. Cada olhar de medo ou preocupação, mas eu não consigo, não consigo me controlar. De verdade.

Tento, e tento, tento ser uma pessoa boa , e a cada dia que passa, parece que o pesadelo está acontecendo. Parece que as coisas estão desabando, e parece que não importa, que não importa que eu tenha sido mais doce que o açúcar, mais fiel que o cachorro, mais brando que o chocolate, tudo, tudo acontece.

Meus fantasmas me assustam, o sonho do passado, a dor no peito, o coração sufocado.
O batimento desesperado, o corpo dolorido, a morte predestinada, o grito de dor.
A dor crescendo, o mundo sumindo, o meu mundo caindo, minha vida se indo.
O odor de enxofre, o calor das chamas, o chifre do demônio.
As vidas extinguidas, minha fé consumida, meu sonho quebrado.
Minha vida destruída, minha mente quelada, minha morte consumida.

Meus sonhos, meus tempos, minhas vidas,
minhas vivências, minhas experiências,
Minha vida destruída, minha existência consumida.
Minha morte se aproxima.
E o inferno me consumindo...

E o calor, o enxofre, o demônio,
naquele lugar que parecia meu corpo,
e agora translucida-se
nada mais que minha matéria.

Tuesday, August 17, 2010

Tempo


Tempo
(Nayguel Cappellari)

Se eu tivesse tempo
pra dizer pro tempo
quanto tempo eu quero da minha vida.

Se eu tivesse tempo
pra dizer pro tempo
quanto tempo eu quero voltar atrás.

Se eu tivesse tempo
pra dizer pro tempo
quanto tempo já foi...

Se eu tivesse...
tempo.
Se eu tivesse...
tempo.

Se eu tivesse tempo
pra dizer pro tempo
quanto tempo eu não a vejo.

Se eu tivesse tempo
pra dizer pro tempo
o quanto eu presiso dela.

Se eu tivesse tempo
pra dizer pro tempo
o tempo que eu preciso de novo.

Se eu tivesse...
tempo.
Se eu tivesse...
tempo.

Se eu tivesse tempo, tempo.
Tempo pra dizer.
Se eu tivesse tempo, tempo.
Tempo pra sentir.

Se eu tivesse tempo, tempo.
Tempo pra amar.
Se eu tivesse tempo, tempo.
Se eu tivesse tempo de viver.

Se eu tivesse...
tempo.
Se eu tivesse...
tempo.

Sem me preocupar com o tempo.
com o ontem, como o hoje, com o amanhã.
Sou um anjo, sou um nada,
sou eternamente louco.

E se eu tivesse tempo
pra pensar, simplesmente,
em voltar naquele dia em que o palhaço sorria
e eu sorria também.

E seu tivesse tempo,
pra pensar, simplesmente,
em voltar, naquele dia em que eu via o sol brilhar.
E eu brilhava também.

E seu tivesse tempo,
pra pensar, simplesmente,
em voltar, naquele dia em que eu via a vida passar.
E eu vivia e passava também.

E se eu tivesse tempo,
pra pensar, simplesmente,
em voltar, naquele tempo distante em que o mundo
já não me dava mais medo.

E se eu pudesse voltar,
tudo que eu queria,
era viver novamente,
tudo que pra mim passou.

O tempo passa,
os caminhos mudam,
pessoas vão, pessoas vêm,
o mundo gira, o tempo passa,
o relógio bate. A alma gira, o mundo torna.
O sonho vai, a mente trabalha, o santo acusa,
o imenso perdão acontece.
A vida anoitece. O medo distante.
O Amor se esvai,
a vida se vai.
O sonho se vai.
Mas tudo, exatamente tudo, é exatamente a mesmíssima coisa.
E o mundo vai,
distante vai.
Nas sombras tristes e nostalgicas,
das letras deste poema sem fim.