Friday, September 16, 2011

Manifestação

Manifestação
(Nayguel Cappellari)

Ei, coração, lembra daquele sonho que tu tinhas?
Pois bem, podes esquecê-lo...
Ela não está mais ao teu lado...
e não irá mais envolvê-lo em mil carícias e abraços...

Ei, coração, te lembras daquele desejo incontrolável que tinhas?
Pois podes esquecê-lo também, meu caro...
Aquela pessoa jamais estará em tua frente novamente,
e tu não poderás envolvê-la em mil carícias e abraços...

E então, coração, tu te lembras daquele amigo que esteve ao teu lado?
Pois é, nem ele tu tens mais... e tu mesmo sabes a resposta.
O tempo passou, levou muita coisa embora, teus sonhos, teus desejos...
e muitas das tuas amizades!

E agora, coração, tu sabes o que tens de fazer, não sabes?
Tens de tentar lutar para sobreviver.
Tentar encontrar em ti mesmo os sonhos, os amigos...
ou até mesmos os desejos de outrora...

Mas não penses que será fácil,
Pois muitas coisas ainda acontecerão, meu caro...
e tu não podes esquecer que tu és apenas uma coisa entre todas as outras no mundo:
- és o coração de um nobre e sincero poeta!

Thursday, September 15, 2011

À doença

À doença
(Nayguel Cappellari)

Despeço-me de todos que leram estes pequenos capítulos...
já não sei se estou vivo, ou se apenas vivo.
Estou lançando-me ao mar de estranhas situações...
e meu coração está a ponto de explodir...
- literalmente.

Estou doente... muito doente.
Doente por causa de algumas coisas...
de alguns problemas que deveriam ser efêmeros.
Doente deste mundo...
doente destas pessoas.

Estou começando a acreditar que eu sou único,
estranho do meu jeito. Sonhador e inquieto...
capaz de encontrar nos outros,
a fortaleza da confiança que muita gente hoje em dia...
já não vê.

E por mais que eu seja único, não tenho mais lugar aqui.
Sou um ser humano escasso, um poeta em extinção...
um louco que brinca com as palavras...
e sente as dores cravadas em seu peito.

E o sonho de outrora...
já não reluz mais daquele jeito...
ele simplesmente fulgura há alguns passos
de uma certeza não tão certa assim:
- Eu estou doente de mim mesmo.

Friday, September 09, 2011

Da angústia II

Da angústia II
(Nayguel Cappellari)

A dor no peito junto ao coração,
machucado, ferido, angustiado.
Cheio de feridas e cicatrizes...
estas coisas que nunca são curadas.

A alma fechada, a tristeza infundada...
e as coisas acontecendo de uma forma intensa.
Com dores na alma, no âmago e também no coração.

E os pensamentos de que tudo podia ser diferente...
de que a chance poderia acontecer.
O coração que se entristece...
e a alma que se curva.

Se curva ao medo, à angústia e a imensidão.
A imensidão do nada...
da inexistência.
E a imensidão de ser completamente desnecessário.

Tuesday, September 06, 2011

Amaldiçoado.

Amaldiçoado
(Nayguel Cappellari)

E por que isso acontece deste jeito? O que eu fiz para os dias terminarem dessa forma tão absurda? Por que o meu coração tem pedido ajuda? Por que os meus sonhos estão distantes e minha voz sequer tem vontade de gritar?

Por que, ó meu Deus, eu não consigo sequer sorrir? O que será que está acontecendo dentro de mim? Estes sentimentos todos, essa angústia, essa dor, esse medo... e a vontade incansável de me entregar, de desistir, de deixar de lado. Pois tudo acontece, tudo machuca...

E o que eu fiz para merecer isto? Eu devo ter sido uma pessoa muito ruim numa outra vida. Devo mesmo. O que eu fiz, meu Deus, me diga, o que eu fiz de errado para que meu coração esteja deste jeito? E por que os meus dias têm de terminar assim?

Tudo que eu fiz foi acreditar...
acreditar que o mundo podia ser mais bonito, mais doce, sem coisas ruins...
Por que, meu Deus, eu tenho de terminar meus dias desta forma?



Por que eu tenho de acreditar nas pessoas?

Monday, September 05, 2011

Ao nada

Ao nada
(Nayguel Cappellari)

I

E este coração apertado, com todos os sentimentos dentro dele.
Tudo estranho, e intenso. E de vontades completas de amarras.
Um mundo completo de devastação e angústia...
e dentro de mim o furacão toma conta do meu corpo.

E o vento incessante acaba com minha mente,
deixando para o nada a imensidão da minha inexistência,
o âmago maltratado por completo...
e dentro dele, uma desordem em sucesso.

Os sentimentos tomam conta...
as amarras são soltas, e tudo é completo de nada.
e no peito o coração pára de bater...
e explode com tamanha culpa.

II

A raiva toma conta do meu corpo...
os meus olhos começam a lacrimejar.
Meus ombros sentem o peso da desordem...
e eu me caio em completa contradição.

Dentro de mim, os pensamentos começam a voar.
A raiva é incontrolável, cada vez maior...
E o sangue ferve cada vez mais forte...
liberando as amarras de outrora.

E aquele coração explodido,
intenso e inevitavelmente tolo,
acaba por tornar-se um nada...
repleto de mágoas e angústias...

E dentro dele, a raiva assola o meu ser...
tornando-me mais absurdamente tudo,
e ao mesmo tempo nada.
O tudo e o nada que eu sempre detestei.

Thursday, September 01, 2011

Ao meu amigo: coração

Ao meu amigo: coração
(Nayguel Cappellari)

Ó, coração...
eu prometo não acreditar mais quando disserem que eu sou uma pessoa boa.
Eu prometo, meu amigo, não acreditar nessas falsas mentiras,
que dizem que sou bom, que sou amigo, que sou companheiro.
Eu prometo não acreditar, também, meu caro, nas pessoas...
prometo não acreditar que elas gostam de mim, quando são palavras da boca pra fora.
Prometo não acreditar que todas elas queriam estar ao meu lado,
quando na verdade, não passa de uma ilusão criada pelo meu cérebro pra brincar contigo, coração.

Ó, coração, eu prometo não acreditar mais em nada...
Em não querer mais nada a não ser sorrir,
eu prometo não confiar em mais nada...
e em mais ninguém.


Afinal, as pessoas nos machucam, o cérebro nos ilude,
a raiva nos angustia, o sonho se dissipa...
e a vontade, meu amigo, é de simplesmente...
desaparecer como se fôssemos nada
e se pudéssemos desvanecer
por completo.
Num mundo louco como este, onde nada mais é respeitado, eu estou completamente excluído desta sociedade de merda. Inusitado, sinto falta de muitas coisas do meu passado. Sinto falta de poder sorrir sem que me julguem idiota, sinto falta de poder fazer brincadeiras sem que me julguem infantil demais. Sinto falta de tantas coisas que não caberia neste pequeno espaço para escrever. Num mundo louco como estou, onde nada mais é respeitado, eu estou completamente excluído desta sociedade de merda. Desta merda de sociedade, e deste mundo irrevogável.

Sinto falta do que eu já fui...
e tudo me machuca.


E pra completar, os seres humanos me irritam.

O Poeta

O Poeta
(Nayguel Cappellari)

E muito embora ninguém acredite,
o coração ainda continua a bater,
inusitado, e um tanto quanto incoerente...
Mas ainda bate incandescente...

De uma maneira tão bonita,
de um jeito tão doce e sincero,
o coração bate,
alegrando a alma mais que sofrida do poeta.

E esta alma forte, firme e densa,
em contraste com tamanha falta de coragem,
em contraste com o medo da felicidade...
fazem do poeta, a personalidade mais interessante.

De um jeito louco, tão lúcido e ao mesmo tempo sonhador,
ele se torna coração, sentimento e amor,
E nos sonhos embriagados de puro sentimento...
o poeta canta seus todos desapegos.

Desapegos estes que não o deixam dormir à noite.
Desapegos que não o fazem feliz...
Desapegos tão fortes quanto a sua alma que é densa...
Desapegos que não são tão desapegados deste jeito.

E o poeta, que tem um jeito tão doce,
tão lindo e tão inquieto...
Simplesmente vai dormir à noite,
pensando nos sentimentos que badalam o seu pobre coração.