Wednesday, November 21, 2012

Nas sombras

Nas sombras
(Nayguel Cappellari)

Aquele momento sombrio, onde nem mesmo o calor da rua te aquece por dentro. Onde nada mais faz sentido e tu não sabes para onde ir. Onde está o teu rumo? Onde está a âncora do teu navio? Onde está o porto para tu ancorá-lo? Onde está a segurança e os planos que tu traçaste outrora?

É aquele momento sombrio, onde nada faz sentido, onde pessoas do passado permanecem no passado. Onde pessoas do presente, não são tão presentes. Onde o futuro, é simplesmente o dia depois do hoje. Um momento sombrio onde nada faça sentido, onde nada tenha motivo. Onde tu não te encaixas em lugar algum, em mundo algum, em situação alguma... e teu desejo é simplesmente desaparecer.

Um momento forte, intenso, que não te deixa triste, nem com raiva, mas te deixa exausto, exausto dessa vida mesquinha, dos dias e das noites serem iguais. Da mesmice do sempre e daquilo que tu não sabes nem como explicar. O calor já não te aquece nem o frio te atinge. O teu desejo é simplesmente de cair na beira de um precipício e cair, e cair, e cair. Sem ter para onde ir, sem ter nada para fazer. Um desejo sombrio, num momento sombrio, num mundo sombrio...

E por mais que tu não sejas sombrio, tu acabas te tornando, ou querendo te tornar. Porque nada faz sentido, e tu não tem desejo de mais nada, a não ser, realmente, fugir dessa situação. Sendo que tu não sabe para onde, nem como... sendo que tu não sabe o que fazer.

Aquele momento sombrio, onde o calor não te aquece,
onde o frio não te esfria, aquele momento sombrio,
onde a lua é mórbida e o canto é lúgubre.

Aquele momento sombrio;
inexistente, completamente inexistente dentro de ti.
Aquele momento sombrio...
que te faz pensar se é ele que existe em ti.
Ou se és tu quem existe nele.

Aquele momento sombrio.

Monday, November 05, 2012

Desespero

Desespero
(Nayguel Cappellari)

Dentro de mim a escuridão toma conta,
conta dos meus pensamentos, das minhas causas, das minhas coisas.
dentro de mim,
a tristeza toma conta do meu corpo,
da minha alma....
da minha vida.

A tristeza do não,
a tristeza do sim,
coisas que me deixam tristes,
coisas que eu não gostaria de ter de passar...
- Por que é tão difícil viver?

Por que é tão difícil sobreviver?
Por que é tão difícil saber lidar?
Por que é tão difícil?
Por quê?

O que eu faço com isto dentro de mim?
Essa dor forte,
que aperta meu peito
que me faz querer jogar tudo fora.

Tudo, exatamente tudo fora.
Isso, aquilo, tudo...
inclusive, a mim mesmo ao lixo.

Desabafo ao vazio

Desabafo ao vazio
(Nayguel Cappellari)

Eu estava aqui sentado imaginando nas coisas que passaram,
nas pessoas que se foram,
nos sonhos e desejos que deixei para trás.

Hoje não sou metade do homem que a criança de outrora imaginava...
não sou um quinto da pessoa que eu gostaria de ser,
e não tenho sequer a metade das pessoas que eu sinto falta em meu peito.

Não tenho mil dias, nem mil noites seguidas,
sem pensar que não sou quem eu gostaria de ser.
Não aguento mais essa vida, essa inexatidão.

Olho para algumas fotografias e vejo o tempo que passou,
me lembro de pessoas que guardei com carinho dentro de mim,
e que hoje já não estão comigo...

Pessoas por quem eu ainda guardo um enorme sentimento,
sentimento, este, que não é recíproco, pelo visto...
pessoas que se vão, que somem, que desaparecem.

E mesmo tendo tanto, não tenho nada.
Porque o vazio aqui dentro é um vazio incômodo.
Não é apenas a ausência, mas sim a dor que ela traz junto...

A dor de não poder ouvir, de não poder ver, de não poder saber,
de não poder sorrir, de não poder dizer uma palavra acalentadora,
uma palavra calorosa.

A ausência que perfura o coração, permitindo que o vazio se alastre
por quaisquer outros caminhos que devem chegar...
e a vida se vai.

E a vida se esvai
E os caminhos se vão,
e as coisas se vão.
E as pessoas se vão...

E o único que não vai é este
que vos escreve.