Tuesday, January 26, 2010

One last goodbye.

Talvez eu não consiga escrever exatamente tudo que eu penso, até por que, como eu falei anteriormente, minha mente funciona em um fluxo exageradamente rápido, e quando penso numa coisa, outra já toma conta dela. E como se já não bastasse este fluxo, minha memória é péssima, e eu só me dou mal com ela, ela simplesmente me faz esquecer muitas coisas, e coisas que pra mim seriam importantes esquecer, ela insiste em guardar. Existe uma coisa mais teimosa que eu mesmo, a minha memória.

Pois bem, eu não tô aqui pra reclamar de nada, só estou aqui para falar mesmo, este blog tem sido meu divã já tem quase quatro anos, é incrível como o tempo voa. E aquele guri de dezesseis anos, que começou a escrever apenas por que queria sentir uma coisa diferente, aprendeu com a escrita muitas coisas boas.

O meu divã tem sido um bom ajudante, um excelente amigo, tem me ajudado a vencer certos problemas em minha vida, tem me ajudado a dar a volta por cima, a me deixar bem, ou melhor, tentar me deixar bem. Sei, tu que estás lendo, deves estar pensando: "ele tem muita coisa e reclama de barriga cheia", mas não, não é assim. Eu realmente tenho bastante coisa, mas o mais importante eu não possuo.

Não, não falo de dinheiro, nem de um emprego que me torne rico, as pessoas que me conhecem sabem que eu não preciso de dinheiro pra ser feliz, que eu gosto das coisas mais simples. Mas são estas coisas simples que têm feito, ultimamente, o fluxo de minha mente se tornar maior ainda. Pois bem, é a verdade, eu me sinto totalmente incapacitado de vencer as barreiras dessa vez.

Tu deves me dizer que sou um idiota por acreditar que dessa vez não há volta, mas realmente, eu acho que não há, e talvez seja esse a última vez que eu consiga escrever neste endereço, neste espaço, nesta minha vida...

Uma amizade minha, que já durava fazia seis anos, foi atormentada por muitos problemas, e então, depois de muito correr atrás, eu tô deixando as coisas esfriarem, e a cada dia que penso nisso, me sinto mais inútil ainda, tu me entendes? Pois bem, não é apenas isso, ainda tenho outros inúmeros fatores, me sinto um lixo por que não consigo me enquadrar na vida, na sociedade atual. Talvez seja esse o grande problema.

Dizem que eu consigo escrever coisas bonitas, textos inteligentes, textos auto-explicativos e que eu consigo demonstrar exatamente o que eu sinto, mas não é bem assim. Por mais que eu escreva com tristeza, a minha tristeza no momento não é passada nem metade para o papel (ou para o endereço no blog).

Tenho pensamentos que ninguém sabe quais são. Neste momento, eu só consigo lembrar de uma frase do meu símbolo maior, Raul, ele disse assim: "É pena eu não ter nascido burro, assim não sofria tanto", mas para ele, essa frase se tratava da ditadura, pra mim, se trata apenas de meus pensamentos, mesmo, de meu fluxo mental.

Em se tratando de tristeza, minha vida não está nada fácil, não que eu tenha de reclamar de alguma coisa, por que eu tenho água, comida e lugar para morar, tenho tudo que uma pessoa DEVERIA receber nessa vida, mas não, eu não consigo me contentar com isso. O que mais me machuca são as pessoas que perdi, ou que estou perdendo.

Amanhã ou depois, todas elas me abandonarão. Sim, inclusive tu que estás lendo esse texto (se tu já não me abandonaste), é fato, mais cedo ou mais tarde as coisas acontecem e o momento mágico de outrora já não existe mais, minha vida se tornará talvez um pouco melhor sem a tua presença (ou sem a presença das outras pessoas), e tu, com certeza te tornarás uma pessoa mais agradável, por que perceberá que não irás querer perder mais ninguém nessa vida, ninguém.

E por mais que eu diga que não, este texto está sendo designado a muitas pessoas, inclusive para mim. Eu que tentei correr atrás de muita coisa, que tentei fazer de coisas simples o significado da minha vida estou, agora, acorrentado ao que eu me transformei, um ser humano patético que tem vontade de gritar para o mundo e demonstrar tudo que sente. Toda a tristeza que emana do meu coração. E da minha mente também.

Um mundo de fadas, de pensamentos bonitos, de situações maravilhosas, de pessoas boas ao meu lado, bom, este mundo já se tornou há algum tempo inútil, e totalmente sem sentido. Eu preciso dar um tempo, esgotar os pensamentos, parar de pensar e parar de querer agir. Tenho de seguir adiante, sem estes problemas com as pessoas a minha volta... tenho de ser mais dependente de mim mesmo. E é isso que estou fazendo.

Por mais que não pareça, este texto está destinado de palavras tristes, de pensamentos inquietos e fortes, de gritos de lamento, de vozes que ecoam no mais profundo e inatingível espaço do teu ser.

E antes eu pensava como Raul: "O que eu quero eu vou conseguir", mas não, eu já não consigo mais, já não consigo mais aguentar, suportar essa situação, não consigo pensar em nada, não consigo agir de forma consciente, estou agindo por impulso e dessa vez, acho que vai ser o fim.

Existem inúmeros motivos para eu estar agora, meu divã, querendo dar-te adeus, deixando de lado essa promissora carreira poética, eu te peço perdão, por que tu me deste muito em troca, meu querido blog, tu me deste grandes momentos de alegria, de tristeza, de pensamentos, de divagação própria que eu jamais vou esquecer, mesmo que minha memória seja seletiva assim.

Eu, meu divã, estou confinado a sofrer desse jeito a querer te largar, mas não te preocupa, eu não vou deixar-te, estarás comigo, guardado em meu coração, meu querido e meu mais sincero amigo. Tu nunca falaste uma coisa ruim para mim, tu nunca me deixaste triste, sempre ouviste minhas palavras e ao final, deixavas-me mais leve, mais alegre... mas hoje, "Namorando com a Escrita", eu acho que não dá mais.

Estarás sempre ao meu lado, meu caro, sempre...


E tu, tu que estás lendo isso, saiba que o tempo realmente está para acontecer, e eu estou a ponto de explodir, indo em direção ao mar, quem sabe ele não me mostre o caminho, não é? E, sendo assim, o mundo talvez ria sem minha presença. Vocês que estão lendo isso ainda podem olhar para os campos de trigo e lembrarem de mim, porque o trigo é amarelo, igual a cor dos meus cabelo. (Passagem adapatada d'O Pequeno Príncipe).

pois enfim, meus queridos amigos, eu me dispeço de vocês, um adeus. ;)


até mais ver.

4 comments:

Bruno said...

Nossa cara. Não sabia que tavas passando por isso. Mas o que escreveste é a pura verdade. Amigos vem, amigos vão, mas só os verdadeiros permanencem nas nossas vidas e principalmente nos nossos corações. Eu tenho muitas amizades de 5, 6 e 7 anos, e morro de medo de que algum dia tudo acabe. Minha faculdade começa mes que vem e não paro de pensar nisso. Mudanças. Isso é algo incomodo demais que se tu moves apenas um livro, terás que mudar toda a estante. Não sei que tipo de amigo me consideras. Nunca nos vimos pessoalmente, e ultimamente temos nos falado pouco (agora que voltamos a nos falar quase que diariamente :D). Mas fique sabendo que você é uma grande pessoa na minha vida e que nunca abriria mão de uma amizade como a sua. Nao é das grandes amizades. Mas é que sabes que sempre podes contar comigo não importa o que aconteça. Abraço fera.

Ana Jeremias said...

Olha, Nayguel, eu me pergunto cada vez que venho aqui como é possível você não estar atuando. Tanta tristeza, tanto apego, tanta dor.

Sem sua presença o mundo não vai rir, mas também não vai parar. "O mundo não pára para concertarmos o coração" ou qualquer coisa assim.

Pratique o desapego, Nah. Poxa, um menino forte, bonito e saudável que poderia estar fazendo história com o mundo fica aí, parado, reclamando do fluxo rápido da mente. Se liga! Usa isso que tanto te incomoda pra ajudar os outros, gaste suas forças com algo mais útil que ficar se martirizando na frente de um computador por horas, e há anos.

Meu conselho é que você vá fazer caridade. Aí quem sabe você vê a verdadeira tristeza que existe no mundo. Se já faz, faça mais. Perder a amizade de alguém machuca, mas não mata. Até porque esse alguém tá aí pra poder se arrepender.

Te amo.

Ana Jeremias said...

"Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.


A vida em constante movimento".

Anonymous said...

talvez o qe é é escrito nao trancreva exatamente o sentimento ou ao menos a sensação. mas a liberação das preocupações equilibra a energia acreditando ou não a vibe eleva a força de espírito
era isso Leque.