Monday, November 05, 2012

Desabafo ao vazio

Desabafo ao vazio
(Nayguel Cappellari)

Eu estava aqui sentado imaginando nas coisas que passaram,
nas pessoas que se foram,
nos sonhos e desejos que deixei para trás.

Hoje não sou metade do homem que a criança de outrora imaginava...
não sou um quinto da pessoa que eu gostaria de ser,
e não tenho sequer a metade das pessoas que eu sinto falta em meu peito.

Não tenho mil dias, nem mil noites seguidas,
sem pensar que não sou quem eu gostaria de ser.
Não aguento mais essa vida, essa inexatidão.

Olho para algumas fotografias e vejo o tempo que passou,
me lembro de pessoas que guardei com carinho dentro de mim,
e que hoje já não estão comigo...

Pessoas por quem eu ainda guardo um enorme sentimento,
sentimento, este, que não é recíproco, pelo visto...
pessoas que se vão, que somem, que desaparecem.

E mesmo tendo tanto, não tenho nada.
Porque o vazio aqui dentro é um vazio incômodo.
Não é apenas a ausência, mas sim a dor que ela traz junto...

A dor de não poder ouvir, de não poder ver, de não poder saber,
de não poder sorrir, de não poder dizer uma palavra acalentadora,
uma palavra calorosa.

A ausência que perfura o coração, permitindo que o vazio se alastre
por quaisquer outros caminhos que devem chegar...
e a vida se vai.

E a vida se esvai
E os caminhos se vão,
e as coisas se vão.
E as pessoas se vão...

E o único que não vai é este
que vos escreve.

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