Friday, April 27, 2007

Paredes

Paredes
(Nayguel Cappellari)

Pensei em escrever para exame de consciência, mas hoje, creio não conseguir fazê-lo.
Não, não fiz nada de errado, nem sequer matei um inseto, mas creio que tenho sido freqüentemente insano ao pensar. Meus pensamentos têm maltratado tanto. Tanto a mim, quanto a outras pessoas.
[E mesmo que calado, meu algoz silêncio as machuca].
E mesmo que sonhando, minha voz as entorpe.
Eu não consigo entender o porquê desta necessidade em meu peito.
O Porquê de ter a vontade. O porquê.
Às vezes, sinto-me como uma flecha mal-lançada por Cúpido. Em outras, sinto-me a própria vítima com o coração dilacerado, mas mesmo assim, mantenho o sorriso e a paz em minha mente.
E agora há pouco, ontem, descobri o motivo disto. Como diria Neruda: "Tirintilam, azuis, as estrelas ao longe [distante]", é assim que eu sou, alguém que pensa, que sonha que, mesmo distante, tornar-me-ei alguém possuidor, alguém almejado, alguém realizado.
E por isso, mesmo com o coração dilacerado, mesmo com o peito ferido e mesmo com as paredes em volta de meu corpo, nada, exatamente nada pode fazer com que eu seja infâme e imbecil. Na verdade, creio ser imbecil, até por demais...
Queria deixar de escrever estas coisas para, pelo menos, eu sofrer menos. Mas que poeta, burro, insano, não gosta de sofrer?
Pois é...
Gostaria de escrever o mais belo dos sonetos.
Gostaria [e poderia] fazer a mais bela das trovas dos antigos.
Gostaria [e poderia] conquistar-te para todo o sempre.
Mas não sei, algo acontece...
Quando te vejo, linda, incrivelmente linda,
meus olhos cegam-me e minha mente apenas te vê.
Meu coração palpita e minhas mãos desentendem-se.
Minhas pernas tremem e minha voz não sai.
Meus pensamentos embaralham-se,
e em minha frente, só estás tu, linda, incrivelmente linda.
Gostaria de escrever o mais belo dos sonetos...
E dedicar-te como forma de conquista.
Gostaria de escrever uma carta,
Uma carta sincera, perfeita,
que expresse tudo.
Mas não adianta...
a vontade é grande, mas a coragem no coração,
[não.
E meus olhos continuam a olhar-te.
E minhas pernas a tremer...
Mas, mesmo assim, a única coisa que mantém-se inconstante,
é o movimento dos meus lábios,
que é o que eu busco...
O Crepúsculo, maravilhoso, do teu doce e singelo, beijo.


E por mais que eu sonhe,
e por mais que eu grite.
E por mais que eu tente demonstrar...
Parece que não há motivos para trazê-la pra mim...

- Por quê?
As paredes não me interessam.
Os sonhos não são perfeitos...
A minha vida torna-se lúgubre, inexata.
E sonho, sonho, sonho.
Sonho com meu abismo,
sonho... perdidamente... em tê-la em meus braços.

E como diria Neruda: "Tirintilam, azuis, os astros ao longe"...
E como eu quero,
e como eu quero...
Ah, como eu quero.
Ter o tão doce sabor da maior das belezas.
Ter o tão doce sabor do beijo da maravilha das belezas...

Como eu queria dedicar-te estes meus poemas para alguém.
Mas como dedicar,
se tu não tentas me entender?


Preciso, explicar-te, que te quero, que te amo?
Preciso, explicar-te, que meus olhos enchem-se de lágrimas ao escrever?
Preciso, explicar-te, que minha mente torna-se púrpura,
e que meus olhos, turvam-se, ao teu mundo?
Preciso, explicar-te, que minha mente não agüenta mais a simetria de teu corpo?
Preciso explicar-te, por acaso, que eu te quero?


E por mais que eu tente, e por mais que eu tente...
E por mais que eu tente...
E por mais...

Minha voz não sai...
E eu já cansei de tentar te conquistar.

Até porque,
eu poderia escrever o mais belo dos sonetos...
Mas se tu não queres ler,
o que adianta eu tentar demonstrar,
eternamente...
o que eu sinto?

2 comments:

Anonymous said...

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Anonymous said...

amei.

amei mesmo.

e você é foda sim.
querendo ou não...

seu confeteiro! :P

;* (L)