Thursday, June 11, 2009

Sombra.

Tem dias que a gente passa a madrugada em claro,
vai se deitar logo pela manhã,
Pensando nas bobagens que a tua vida já fez,
pensando nas coisas que te levaram a escolher este, e não o outro caminho.
E nesses dias a gente percebe tantas coisas.
Como a gente é burro, como a gente é bobo.
Como a gente sofre, como a gente sorri.
A gente percebe que muitas coisas acontecem e ainda irão acontecer.
Mas quando está mexendo em uma ferida,
e por mais cicatrizada que ela esteja,
essa ferida, por um tempo, insiste em romper,
insiste em abrir como uma úlcera,
te levando a sentir dores horríveis,
Vontade de chorar, vontade de gritar.

E nessas vezes a gente percebe como a gente é infeliz,
como a gente não tem nada na vida,
a gente percebe que por mais que tenha vivido, nada adiantou. E percebe que os sonhos já não são mais nada.
Que as pessoas com quem tu te importou não te consideram tão importantes.
Que com um simples olhar, ou uma simples palavra tudo desanda.
A gente descobre que pra fazer as flores crescerem de novo a gente tem de chorar bastante para regá-las.
A gente tenta, mas não consegue combater as ervas-daninhas, e aquelas pessoas que são importantes nos fazem vomitar.
Nos fazem vomitar SANGUE.
De tristeza, de angústia, de raiva, de medo.
De medo de ter sido besta por ter acreditado,
de tristeza por ter acreditado.
E de angústia por saber - agora - que está vivendo em um mundo totalmente lúdico, fantasioso. E não, não é um mundo decente. Não é um mundo feliz.

E a gente percebe que por mais bobagem que a gente faça,
Agora não adianta mais nada,
porque dentro do corpo da gente tem um sentimento ruim,
crescendo tal qual um tumor,
e a raiva o alimenta.
E o tumor instintivamente leva nossos sentimentos felizes.

Porém, depois de um tempo, a gente percebe que esses sentimentos podem se tornar felizes de novo, se a gente absorver bastante coisa boa e acreditar nelas. Se a gente fazer deste tumor algo benígno, se a gente lutar pelo que é certo e correr atrás de ser feliz ainda.

Mas não importa quantas vezes a gente caia e levante, é como se a gente tivesse aprendendo a andar de bicicleta e não tenha medo de cair, mas a gente cai.
E a gente cai, e a gente tem medo.
Mas a gente tem de alimentar aquele tumor dentro da gente, a gente tem que lutar contra as coisas ruins e revertê-las para o bem.
E quando a gente pensa que vai conseguir, alguma coisa de novo bate na cara, fazendo com que a gente caia, desmaie, e fique horas sem acordar.
Até a gente ter a vontade de desistir, e deixar pra lá o que pudera ser, e deixar pra lá a amizade inconstentável que poderia acontecer.
E o tumor agora consome totalmente a existência da gente.

Somos tu e eu, coração, caindo, incansavelmente, sem sequer uma base de apoio.

Sem asas, sem ares, sem nada.
Somente nós dois, como sempre foi e como sempre vai ser. Ninguém mais.

Por que eu tô cansado dessa vida, das mentiras contadas, e dos sonhos inexistentes.
Eu quero acabar com o meu tumor, mas me perdoe, coração, não tem como a gente sair ileso dessa vez.
Talvez eu não te acompanhe mais.
Ou talvez tu não me acompanhes mais,
Talvez, depois de arrancar esse tumor, eu seja capaz de seguir adiante, talvez não seja.
Talvez, depois de arrancar esse tumor,
A gente se separe, coração.
E nunca mais volte a se ver, pode ser que eu caia, e não consiga mais me levantar.

A caminhada até aqui foi divertida, a gente riu e sofreu.
Mas quero que tu saiba, que não foi por tua culpa, coração, não foi por tu seres ingênuo e acreditar em todas as pessoas, confiar cada sorriso verdadeiro que tu deste, cada palavra de conforto, cada lágrima contida para mostrar que tava tudo bem, não foi por tua causa que a gente caiu.
Foi por culpa do tumor do amor que está entre nós dois.

2 comments:

Fernanda said...

Eu chorei. E solucei. E senti um aperto no estomago, um daqueles que dói no meio e parece que estão te torcendo.
Quase não consegui ler tudo, mas fui até o fim.



HEY!
Você lembra de mim?
Eu fugi do mundo dos blogs, mas agora estou de volta!


Beijos e mais beijos

Fique bem!

Jaci said...

Parece até que a gente teve o mesmo dia. Quer dizer, a mesma noite!
Emocionei-me!
=*