Thursday, November 04, 2010

Turbilhão

E mesmo que o mundo continue balançando, e mesmo que o sol insista em levantar cada manhã, tudo já não é a mesma coisa. Tu estás fadado ao desmérito, e a descrença, e a imundice da inexistência.

O poeta jaz ao túmulo ao lado, descrente com o povo com quem vive, descrente com vida que leva, e descrente com a imensidão da ilusão crevejada ao peito.

E a dor, desferida frente ao poeta, inútil imortal sofredor do torpor, continua a latejar em sua mente, como se fosse mais uma bala disparada em uma favela alqueivada em algum lugar do nosso país.

E esse coração que outrora sorria, está parado, sem vontade alguma, deixando de sonhar, deixando de querer, deixando de amar. E o sonho, imenso, já não existe mais. E a inexistência somada ao nada, reluz frente a face do poeta.




Face, esta, inundada por desespero, tristeza, medo, descrença, desmérito, desavença, destruição. Face repleta de coisas ruins, causada por inúmeros mecanismos rotineiros do dia-a-dia do poeta. E o poeta, continuando sua corrida contra o tempo, desiste, nesse momento e atira-se ao chão.

Este, que vos escreve, neste momento, é sua consciência que está deixando de ser consciente, está tornando-se em nada e em tudo. Numa imensidão louca merecida. E nesse momento, eu vou apagar, e amanhã, serei uma pessoa novamente.

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