Tuesday, June 05, 2012

A carta Sem Remetente

A Carta Sem Remetente
(Nayguel Cappellari)


Chega um momento que nem mesmo o café tem o mesmo gosto,
que os dias nublados são mais emocionantes que os dias claros e de céu limpo-azulado.
Chega um momento que a gente não consegue mais saber o que fazer e nem que rumo seguir de nossas vidas, simplesmente chega um momento que todos os fantasmas do passado desaparecem, e é aí que tu não sabes mais para aonde ir.

Quem és tu e para onde tens de ir?
Qual o caminho que tens de tomar e por quê tens de fazê-lo?
És um ser incapacitado de responder tais devaneios, és extremamente incapaz de olhar as coisas com outros olhos. E então tu percebes que está tudo parado... Parado.

O quarto está escuro, teus olhos tateiam as coisas no caminho, enquanto te encaminhas ao interruptor de luz, pra tentar acendê-la.
Percebes que, ao chegar lá, não há luz, não há nada iluminado, nada que acalente tua alma, e o escuro toma conta de tudo, e toma conta de ti.

Estás mergulhado dentro de ti mesmo, dentro do vazio de teus sentimentos, dentro do vazio de tuas estórias, e agora tu já não sabe o que fazer ou para aonde ir.

Lá fora as nuvens tomam conta do céu, ele também se torna cinza e amargo, mas é na rua que tu te sentes liberto e podes pensar em paz nos teus caminhos. É lá fora que tu percebes que nem tudo tem que ser escuro, ou claro, e nem tudo vai ser de uma maneira monocromática apenas.

Mas é lá fora também que tu percebes o quanto as coisas te machucam, o quanto o medo te afronta, e o quanto tudo que te acontece te inunda. É lá fora que tu percebes que tu eras mais seguro no escuro do que no nublado do dia-a-dia, é lá fora que tu percebe todas as coisas sem nem saber onde isso vai dar.

E neste momento nada mais fará sentido, os fantasmas do passado terão se ido e novas formas de vida irão surgir à tua volta, teus sonhos não existirão mais, e tu não serás mais nada...

a não ser tu mesmo.









Acorrentado em meio a tantas perguntas e inexistência, ele cala-se e coloca a carta ao bolso, e volta para sua cama e sua leitura e percebe que o café já não tem o mesmo gosto.

- Continua.

1 comment:

Fada Do Amor said...

Nossa acho que isso foi inspirado por um espirito!!!