Wednesday, September 24, 2008

Sem sinal

Sem sinal


I

As casas sem luz nem sequer as janelas estavam iluminadas, e assim, a escuridão tomava conta das ruas... A lua iluminava um pouco cada calçada, e a única luz que se via era dos carros que passavam. Do outro lado, um menino triste, com pouca uma camisa rasgada e uma calça que mais parecia uma bermuda, esperava para comprar o seu pão de cada dia, com o pouco de dinheiro que tinha conseguido juntar lavando os carros e engraxando alguns sapatos. O menino-sem-nome, como as pessoas o apelidaram, não tinha sequer um parente e ninguém nunca soube onde ele dormía, mas era tanta a beleza do menino, que mesmo sujo, magro e com alguma doença que lhe fazia respirar cada vez mais forte e seu nariz escorrer, ele não podia passar despercebido, e assim, que começou, tudo, naquela noite em que a luz não existia. O Menino-sem-Nome, tinha apenas catorze anos, ou um pouco mais, ou um pouco menos, não tinha sinais de espancamento, nem de malstratos, a não ser os que ele mesmo sofria por estar na rua enquanto os outros da sua idade estavam confortáveis na lareira, ou até mesmo em baixo das cobertas de suas camas em seus quartos quentes.
E a luz haveria ido, sem motivo completo, às sete horas e quinze minutos, onde, ninguém mais via nada, a não ser o pouco que a lua iluminava e o pouco, ainda, que as luzes dos carros, constantes, na rodovia, existia.
E o menino estava ali, em frente a padaria, prestes a comprar seu pão, quando a luz acabou. Ali dentro, ainda tinha uma luz, que talvez de talvez de um gerador, ou de alguma outra coisa, iluminava o rosto assustado da criança quando esta viu, na calada noite sombria e tensa, o corpo, cair ao chão. O menino não sabia o que fazer, olhava, pálido, para a frente, sem nem piscar os olhos. E foi então, que sentiu-se ser perfurado por alguma ponta afiada, e sentiu a dor, engolindo a seco, O menino olhou pra cima e titumbeou, não viu o rosto do atacante, nem sabia quem era ou o porquê daquilo tudo, apenas caiu ao chão, imóvel. E por coincidência - ou não -, Hermes que passava na padaria para comprar seu lanche antes de ir trabalhar, viu a cena, a atendente caída ao chão já inerte, e o menino, ainda com os olhos abertos. O menino olhou para Hermes e disse:
- Papai, eu já estou no céu? - e dizendo isso, desmaiou.
Hermes o pegou no colo, ligou para a polícia e a ambulância, e esperou a ajuda chegar. Quando chegaram, os policiais foram interrogar o homem loiro, de um metro e noventa e dois centímetros, porém, antes que pudessem fazer qualquer pergunta, ele mostrou seu distintivo do Grupo Especial de Investigações.

No outro dia, a cidade já tinha luz, e foi então, que tudo começou...

O menino fora cuidado no hospital e no outro dia já estava acordado, por sorte, o corte não foi fundo e nem acertou nenhum ponto vital, deixando-o intacto não fosse a cicatriz no lado esquerdo do corpo. Ele podia falar, porém, devia ter cautela, e no quarto do hospital, ele tinha visita já na primeira hora da manhã. Era Hermes.
- Você é um menino de sorte, hein? - disse o homem, sorrindo.
- Não, você é um anjo, tio, o senhor me salvou. - disse o menino com extrema humildade.
- Por favor, me conte um pouco da sua história. - adiantava Hermes.
- Ah, eu não sei meu nome verdadeiro. Não conheci nem meu pai, nem minha mãe, e até certo tempo, um senhor cuidava de mim na zona rural. Mas ele faleceu, e eu não tive o que fazer, ele não tinha família e nem conhecia meus parentes. Não sei nem como fui parar por lá. Por favor, me deixe ficar aqui pra sempre, a cama é confortável e quentinha, e aqui eu posso comer pelo menos duas vezes ao dia. Por favor, me deixe.
Hermes não conseguiu falar nada, deixou as lágrimas caírem e, depois de um certo tempo disse ao menino
- Olha, não posso te prometer que você ficará aqui pra sempre, mas talvez te consiga um lugar para ficar, até lá, vê se trata de comer tudo e não ficar por aí choramingando pelos cantos, rapaz. Você é um menino de sorte, definitivamente.
Hermes se despediu da criança com um enorme sorriso no rosto, o menino sentiu-se forte e caloroso, como nunca havia sentido antes. A vida dele iria mudar, ele sabia disso, mas mesmo assim, não conseguia esquecer a noite anterior, a facada, a mulher estendida ao chão, o homem fugindo, Hermes o salvando... tudo ainda era muito louco em sua mente.
Já mais tarde, Hermes fora visitar o garoto pra saber se ele poderia ser levado para casa, para melhores cuidados e atenção. O detetive tinha uma pequena cautela e achava que o hospital era um ambiente muito hostil para a criança, quando chegou ao quarto do menino, porém, viu a silhueta de um homem estrangulando o menino. E foi então que Hermes, em uma súbita fúria entrou correndo pelo quarto e acertou o homem bem forte com um soco. O homem caiu, e o menino pôde respirar, e foi então, que o homem puxou uma arma e não falou nada. Apenas apontou para o detetive e fugiu da sala. Hermes fora correndo ver como o menino estava.
- Você está bem?
- Sim, agora estou melhor. O que está acontecendo? Por quê isso? - dizia o menino, assustado.
- Eu vou te levar pra casa, venha comigo, a partir de hoje você vai se chamar Renato, que significa Renascido... hoje, você definitivamente renasceu, meu amigo.

2 comments:

Anonymous said...

Baseado em alguns fatos reais.

Thiago said...

esperando o II.